Hilal Sami Hilal

biografia

Sem título
Série Deslocamentos
PS de alto impacto/corte a laser/3 planos
100 x 100 cm
edição de 3
2020

Hilal Sami Hilal (Vitória, Espírito Santo, 1952). Artista multimídia. Cursa artes plásticas na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Em Minas Gerais, nos Festivais de Inverno de Ouro Preto de 1973 e 1974, estuda gravura em metal. Em 1977, um ano depois de se formar, começa a dar aulas na universidade e a pesquisar o papel artesanal. Em 1981, vai ao Festival de Inverno de Diamantina, em Minas Gerais, para estudar as artes da fibra, e viaja ao Japão para se aperfeiçoar na técnica do papel. Em 1984, participa do 15º Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e da mostra Papéis do Papel, na Fundação Nacional de Arte – Funarte, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, tem sua primeira individual na Galeria Usina, em Vitória. Em 1996, deixa de dar aulas para dedicar-se apenas à sua produção artística e toma parte da Mostra Brasil: Papel Feito à Mão, no Equador. No ano seguinte, expõe no 25º Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, e em coletivas na índia e no Líbano. O trabalho toma então a forma de um rendilhado e ele o mostra na Alemanha, nos Estados Unidos, na Espanha e na França. Em 2002, recebe o prêmio do júri na 8ª Bienal Paper Art, Turbulenzen in Papier, em Düren, Alemanha. Em 2007, faz no Museu Vale, em Vitória, uma grande individual que depois é apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ e no Sesc Pompeia. Também em 2007, participa da coletiva Radical Lace & Subversive Knitting, no Museum of Arts and Crafts, de Nova York.

Comentário crítico
A obra de Hilal Sami Hilal apresenta grande variedade de materiais e de significados. Hilal começa pintando aquarelas, mas logo passa a fabricar papel artesanal tendo como base uma pasta de algodão feita de roupas velhas de amigos e familiares. Os papéis são grossos e têm camadas, sugerindo uma arqueologia, mas se apresentam como pinturas, pois têm cores e profundidade. O crítico Casemiro Xavier de Mendonça (1947-1992) os chama de tapetes voadores. Hilal entende que em seu trabalho o papel não é apenas um suporte.

Quando coloca a pasta de papel em uma bisnaga de confeiteiro, usando-a para desenhar, o papel se transforma em um rendilhado. Esse traçado lembra a caligrafia e a arquitetura árabes, que remetem à sua origem familiar. Os trabalhos que executa em folha de metal podem se constituir de superfícies autônomas, reunidas em livros, ou mesmo enroladas em uma bola. Ele desenha letras, números e nomes de pessoas sobre quadriculados e usa ácido para corroer as partes em branco. Ao sobrepor as folhas, o artista cria concavidades, ressaltando os espaços vazios.

O vazio tem grande importância também quando utiliza resina e outros materiais. Ele se faz presente em toda a obra. Hilal afirma que todo seu trabalho pode ser relacionado à morte do seu pai, ocorrida quando ele tem apenas 12 anos. Pela arte, procura lidar com aquela ausência, reconstituindo essa figura. Sua exposição itinerante, iniciada em 2007 no Museu do Vale do Rio Doce, em Vila Velha, Espírito Santo, intitulada Seu Sami, é uma homenagem a seu pai.

Fonte: Itaú Cultural