Jogo de luz do artista Felippe Sabino produz imagens intrigantes a partir de fotografias.
Um pintor que flerta com a fotografia, assim podemos chamar Felippe Sabino (Rio de Janeiro, 1985), formando pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O artista, desde o final de 2013, pesquisa as relações entre fotografia e pintura, traçando uma poÉtica entre o universo da fotografia, como o efeito do flash e jogo de luz, com uma incrível habilidade e cuida- do na execução dos guaches.
A captação do jogo de luz e a habilidade do artista em representar de forma minuciosa detalhes da imagem chega a confundir o espectador. Estamos vendo uma pintura ou uma fotografia? Isso ocorre tanto pela tÉcnica utilizada – guache – quanto pelas imagens escolhidas. “Procuro dar igual importância a luz e a ausência dela. Como o que não se pode ver na imagem fosse tão relevante quanto o que se pode perceber. Em alguns momentos me parece que quanto mais preciso e metód- ico na representação do que É iluminado pelo clarão do flash, mais profunda e envolvente se torna a imagem”, explica Felippe.
Sabino retrata plantas, arbustos, folhagens, galhos a partir de fotografias de lugares afastados, como matagais de beira de estrada. As imagens nos conduzem por terrenos inexplorados, presente nas estradas e jardins abandonados, perifÉri- cas ao convívio e que crescem quase à revelia. “São hiatos da presença humana. Zonas mortas a serem acionadas somente quando existe algo a se esconder”, conta Felippe.
Mas não É só o que salta aos olhos, o que está na luz que interessa ao artis- ta. O que está escondido, a cena oculta, tambÉm exerce atração. “A relação aleatória das folhagens e galhos se contrapõe ao peso absoluto da escuridão”, diz Felippe.