Jorge Mayet | Sobre todas as coisas | 13 de Novembro

SOBRE TODAS AS COISAS | Jorge Mayet

Esta exposição É um reflexo de um profundo sentimento de perda e da inatingível idealização do que foi perdido, característica de todos os que de uma forma ou de outra, tiveram que deixar o seu lugar de origem para começar de novo em um outro lugar.
Este ideal ”do que foi” nosso permanece latente em uma memória seletiva, onde situações desagradáveis vividas vão se apagando para dar lugar a um entorno mais natural, e quase sempre relacionado a uma paisagem. Todo cubano na ilha, vive perto de uma palma ou uma árvore em particular. A terra tem uma grande importância, tanto física quanto espiritual para o meu povo – o que temos diante de nossos olhos. Mas na verdade, quando adquire maior transcendência É quando a lembramos de longe. Esta É a razão por que todo exilado cubano dá ainda mais valor ao que É “seu”, acima de tudo.

Penso que qualquer pessoa que tenha sido levada a viajar para fora de sua terra, vai saber que pode ir sem bagagem material. PorÉm o que lhe envolveu espiritual, cultural e mentalmente É a bagagem que o acompanha pelo resto de sua vida, como as paisagens que deixados para trás, permanecem vívidas na memória.

Com fio de cobre, papel machê e outros elementos, recrio minhas próprias paisagens imaginárias que por sua vez são compostos de elementos que fazem parte da minha cultura, minhas raízes, religião e identidade do meu povo. Com o passar dos anos tenho notado que muitas pessoas, mesmo sem compartilhar minhas raízes, se identificam com minhas obras resultando em uma transformação conceitual das mesmas, dependendo do espectador que, adotando-a como sua, apesar de raízes e cultura diferentes trás sua experiência vital enriquecendo o diálogo com meu trabalho.